segunda-feira, 5 de março de 2007


“...Histórias que nos contam na cama antes da gente dormir...”

E o sono de Ana sempre chegava antes do fim da história - A menina andava na beira da praia recolhendo espelhos partidos, conchas amarelas e estrelas de cinco pontas. Chamava-se Ana, a menina de cândida doçura. As ondas induziam cavalos-marinhos a fazerem cócegas nos seus pés. A maré mudava de acordo com o relógio biológico dela. E os pescadores das redondezas costumavam consultar o horóscopo da menina antes de conduzir suas embarcações. Corria a boca pequena que a paixão do Mar por Ana sincronizava o ritmo e o som das águas. Era realmente um atrevimento, um despautério aquele caso de amor. Ninguém concordava ou achava possível que aquilo pudesse ter um final feliz. Num dia de sol e chuva, a menina subiu na pedra mais alta, tirou o relógio e mergulhou nos braços azuis do seu amado. E o encontro de Ana e Mar foi como sal e doce se sobrepondo na mais inesperada combinação - E o sono de Ana sempre chegava antes do fim, na melhor parte da história que sua mãe insistia em lhe contar todas as noites.

“...Todo sopro que apaga uma chama reacende o que for pra ficar...”

Maíra Viana

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