quinta-feira, 19 de julho de 2007

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.




Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.




Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.



Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?





Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.



Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.



Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?


Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.



Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.



(Sei q já fiz essa postagem antes.. Mas realmente esse poema/crônica é uma das minhas favoritas...Perdoe-me se por acaso lerem ela outras vezes nesse blog ou em outros futuros que estarei a criar...)

Conto de Fadas...




A menina apossou-se do rosto dele, acanhada. Tratou de buscar as feridas que doi­am tanto. Mas ele apenas apontou o peito, e fez com que ela apontasse exatamente o lugar da dor.
Ela lhe deu um abraço enorme, daqueles de ficar grudado.
Viu nos olhos dele lagrimas . E ela entendeu que deveria ficar em silencio.
A menina evocou os deuses para retirar do peito daquele homem os males.
Na sua inocência aparente não quis jogar mais brasa no buraco, apenas quis saber pra que rumo ia o fogo.
Mas as labaredas se espalharam tanto que lhe acertaram o rosto . As labaredas doí­am, mas muito menos que as dores do poeta.
E ela descobriu, num momento í­mpar, que ver a dor do outro pode doer muito, se o outro é um ser querido especial....
E sem silêncio algum saiu perguntando, indagando, repetindo e dizendo tudo o mais que lhe podia vir na cabeça, naquela hora.
Mas não maldisse ou praguejou sua dor, pediu pra estar perto. E foi esta, justamente, a flecha que abriu a caixinha, de pandora, que distraí­da, observava a cena a largos passos.
A menina espalhou para si todas as mazelas do mundo.
Ele negou e negou e negou muito a sua presença amiga. Negou três vezes os olhos frágeis da menina...
negou a simplicidade dos versos que ela lhe trazia...
negou o amor proeminente que guardavam,
negou-se homem e se disse anjo... desprovido de asas; pra que nem que lhe viesse de muita astúcia pudesse voar pra bem alto ou longe.
E foi neste momento que aconteceu a coisa mais inesperada do mundo: ela abriu a boca.
Abriu, em busca de guardar as dores do poeta pra si, certa de que conseguiria.
Mas poeta sente mais que humano.. e ela era uma simples menina...
O poeta sofreu, chorou e pediu um pedaço do colo por ele mesmo destituí­do.
A menina apenas riu... e ele não entendeu que o colo era seu por quanto tempo quisesse...
Então ela estendeu os braços, sem nada mais dizer ou suspirar.
E ele não entendeu, ainda....
A menina, então, lhe beijou levemente os lábio dele e disse:
" vamos tomar um sorvete?!?"
E eles saí­ram, de mãos dadas, pensando efusivamente no próximo passo...
(desconheço o autor)

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