Não te apartes de nossa estrada, pois no fim serás tu por mim amada
quinta-feira, 31 de maio de 2007
A tua Espera
Há muito tempo minha paciência me supera
Quanto mais há em mim carência, mais em ti nasce ausência
Quanto mais de mim flui amor, mais em ti surge o calor
Cada dia cresce em mim paixão, e sempre em ti move a emoção
Cada passo que eu sigo, sempre corre em mim suspiro
Por um segundo posso morrer e não envelhecer
Por um segundo posso envelhecer e não te conhecer
Sempre esperarei por ti, por que você virá para mim
Sempre estarei aqui, por que sei que você não será meu fim
Aguardarei por minha flor, pois sem ti não terei amor
Aguardarei por sua volta, pois sem mim não terás a melhor prosa
Renascer está em meu amar, pois sem ti jamais saberei andar
Renascer está em meu calar, pois sem ti jamais saberei falar
Não te apartes de nossa cruzada, pois no fim serás tu desastradaNão te apartes de nossa estrada, pois no fim serás tu por mim amada
O AMOR QUANDO SE REVELA
O amor, quando se revela, não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela, mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente. Cala: parece esquecer.
Ah, mas se ela adivinhasse, se pudesse ouvir o olhar, e se um olhar lhe bastasse pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala; quem quer dizer quanto sente fica sem alma nem fala, fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe o que não lhe ouso contar, já não terei que falar-lhe porque lhe estou a falar...
(Fernando Pessoa)
POESIA É DOR
Transcende por vezes a indigênciada própria e mesquinha sobrevivência
Que parece um trem que apita anunciando: a curva já vem
O túnel, verdade, já passou
O abismo nele nos encontramos.
Poesia é o pão do poeta
Ele, sim, escreve o próprio destino
Ele que ri da própria dor
Ele que chora sorrindo
Que graceja da própria sobrevivência
Que parece um trem que apita anunciando: a curva já vem
O túnel comprido e escuro não passou
O abismo nele o poeta se encontra
escrevendo a própria felicidade que ficou lá trás.
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