quarta-feira, 26 de setembro de 2007

o Universo


Há 15 bilhões de anos, o céu estava bastante monótono. Tudo acontecia do mesmo jeito desde a eternidade. Os anjos regozijavam entre si, tocando sons harmoniosos em suas harpas. São Francisco pregava para os pássaros, mas estes nada ouviam, pois participavam do coral da banda dos anjos. Enquanto isso, Lúcifer tentava tomar as chaves do céu de São Pedro, que às vezes se exaltava e o derrubava do céu. O Diabo, tinhoso que só ele, sempre voltava. Um dia, Jesus ainda um pré-adolescente foi reclamar a Deus.
- Papai, inventa algo pra gente fazer, não aguento mais!
Deus coçou a longa barba branca, olhou pensativo para o infinito e exigiu:
- “Que se faça o futebol”.
E o futebol se fez. Toda a comunidade celestial foi convidada a assistir ao primeiro jogo. Os anjos e os pássaros se encarregaram da animação, junto com Dona Maria, a chefe de torcida. Os espíritos ocuparam as arquibancadas e Sansão, que durante 20 anos foi juiz no tempo dos Filisteus, apitou a partida. PRIIIIIIIIIIII!!!
- Toca pra mim, filho. Estou na banheira e…
UHUHUHUHU!!!, que falta feia o diabo fez. Houve uma confusão geral, a torcida quis invadir o campo mas foi contida pela guarda celestial. Pressionado, Sansão expulsou o Diabo. Feita a barreira, Deus tomou distância, correu a uma velocidade infinita, chutou e…
KABRUUUUUMMMMMMMMM!!!!!!!!
- Papai, o senhor explodiu a bola!! Vamos ficar mais uma eternidade sem fazer nada? Que saco!!
- Não se preocupe meu filho. Foi uma explosãozinha sem importância. Eu crio outra bola para nós!!
E até hoje o jogo continua, enquanto a bola se expande…



Denisson Carvalho Santos

Florbela Espanca


Eu tenho pena da Lua!
Tanta pena, coitadinha,
Quando tão branca, na rua
A vejo chorar sozinha…
As rosas nas alamedas,
E os lilases cor da neve
Confidenciam de leve
E lembram arfar de sedas
Só a triste, coitadinha…
Tão triste na minha rua
Lá anda a chorar sozinha…
Eu chego então à janela:
E fico a olhar para a lua…
E fico a chorar com ela…

Florbela Espanca

Eu era diferente

Enquanto tudo acontecia
Eu fazia poesia.
Uns jogavam futebol outros tomavam sol.
Uns na orgia, outros na igreja, e eu, ora veja escrevia poesia.
Enquanto uns pregavam a paz e outros diziam "tanto faz" e mais outros viviam qualquer ilusão, eu vivia de inspiração.
Girava o universo, eu tramava mais um verso.
O dia amanhecia, lá vinha poesia.
Perdia o sono na madrugada, ficava triste não, era sinal de inspiração.
Eu era diferente... indiferente ao que eu via naquela gente.
Os conflitos, as paixões as alegrias e desilusões para mim nada valiam.
Só me interessavam as rimas que de mim fluíam.
Uns sonhavam com a riqueza, outros choravam a pobreza e eu amava a beleza da minha única fantasia: escrever poesia.
(Poesia do poeta Carlos Soares)

Janela


Na janela do tempo

Debruço-me no peitoral da solidão fria

E absorvo o néctar da desilusão.

Olho lá fora... A escuridão funesta

Domina agora.

Tudo é sinistro...

Mas é chegada a hora.

Os fantasmas persistem...

Ergo-me mesmo exaurida

E junto - aos poucos -

Os refugos de mim.

Atravesso a janela sombria desvencilho meus medos e o meu olhar se prende nas estrelas da esperança.

Os refugos de mim São elevados pela luz que emana da esperança.

Sinto-me leve e imensamente feliz.



(desconheço autoria)