domingo, 2 de setembro de 2007

Só Hoje...


Hoje não quero poesia
Estou irritada, zangada
Triste, aborrecida
Há estórias, dizem-me constantemente
Que não têm que ser resolvidas
Diluem-se pura e simplesmente
Nem sequer lhes cabe a carapuça de pendente
Evaporam-se, foram momentos na vida.Estão dementes? Mas o que é isto!
E o bem que nos soube
E o mal que nos fez
E as marcas que ficaram
E as palavras atravessadas
E o grito que não dei
E o beijo que não tive
E a vontade que não ouviste
Porque nunca era o momento
E o medo existe
Porque se houve tantos momentos maus
Deixa-me aproveitar este que foi razoável
Como um tesouro inestimável.Não, não vos vou deixar passar
Como um tesouro etéreo
Como momentos efémeros de magia
Como toques de luz divina
Com que fui iluminada
Estrelas brilhantes e longínquas
Que desceram até mim
E me bafejaram com a vossa gloriosa luzPorque não o foram
Existiram sim e muito intensos
Momentos de paixão
De felicidade estonteante
De transcendência, entrega e sintonia
Tonturas de riso
E melodias de gritos uníssonos
Para lá do tempo e do espaço.Mas também os houve
E não foram poucos
Momentos de sangue, eternidades de dor
Violência de desamparo
Medo, cobardia, egoísmo, egocentrismo
Fui sim, muitas vezes,
Mal amada, ignorada, abandonada
Fui sim, inúmeras vezes,
Intensamente feliz por momentos.Por isso digo
Vão ouvir, vão saber
Tudo o que tenho por dizer
Tudo o que sonhei e que senti
Preciso de continuar
Completa, resolvida
Vingada, sincera
À vida agradecida.

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