terça-feira, 19 de junho de 2007

Um Cadáver De Poeta


Levem ao túmulo aquele que parece um cadáver! Tu não pesaste sobre a terra: a terra te seja leve! De tanta inspiração e tanta vida Que os nervos convulsivos inflamava E ardia sem conforto ... O que resta? uma sombra esvaecida, Um triste que sem mãe agonizava ... Resta um poeta morto! Morrer! e resvalar na sepultura. Frias na fronte as ilusões no peito Quebrado o coração! Nem saudades levar da vida impura Onde arquejou de fome... sem um leito! Em treva e solidão! Tu foste como o sol; tu parecias Ter na aurora da vida a eternidade Na larga fronte escrita ... Porém não voltarás como surgias! Apagou-se teu sol da mocidade Numa treva maldita! Tua estrela mentiu. E do fadário De tua vida a página primeira Na tumba se rasgou ... Pobre gênio de Deus, nem um sudário! Nem túmulo nem cruz! como a caveira Que um lobo devorou! ... Álvares de Azevedo

Um comentário:

Anônimo disse...

parabéns, lindo blog