domingo, 27 de maio de 2007

Caixinha de fósforos


Andava no escuro....
Sempre no escuro....
No bolso, trazia apenas uma pequena caixa de fósforos que chamava de refugio; que acendia quando queria conhecer as cores dos cheiros que sentia, dos sabores que provava e das formas que conhecia; que lhe serviam para um dia reconhecer aquele que seria o seu caminho...
Nunca quis contar os fósforos.
Pensou várias em fazê-lo, porém, inquietava-lhe a ideia de conhecer as hipoteses que lhe sobravam.
Decidiu viver cada dia...
Guiando-se por cheiros e sons, parou numa rua com a certeza de que aquele era um sitio bonito. Sentia-se bem ali...
Quando acendeu um dos preciosos fósforos, os olhos cheios de lagrimas não deixaram ver outra coisa senão a parede que tinha à frente.
Afinal, aquele não era um caminho...era um beco.
Triste, voltou ao trilho que conhecia como a palma da mão...sabia que ali não se ia magoar, sabia que não tropeçava, sabia também que naquele caminho não encontraria cheiros ou sabores...sabia que não era por ali, mas não sabia quantas vezes mais podia sair de lá.

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