sexta-feira, 28 de setembro de 2007

ჱﻶﻉ " A Superstição é Imortal ჱﻶﻉ  


 

  Quando eu era bem menino   

  Tinha fadas no jardim   

  No porão um monstro albino 

    E uma bruxa bem ruim.  

   Cada lâmpada tinha um gênio  

   Que virava ano em milênio  

   E, coisa bem mais perversa,  

   Sapo em rei e vice-versa.   

  Tinha Ciclope,Centauro,    

 Autósito, Hidra e megera,   

  Fênix, Grifo, Minotauro,  

   Magia, pasmo e quimera. 

    Mas aí surgiram no horizonte  

   Além de Custer e seus confederados  

   A tecnologia mastodonte   

  Com tecnologistas bem safados   

  Esses homens da ciência me provaram  

   Que duendes, bruxas e omacéfalos   

  Eram produtos imbecis de meu encéfalo.  

   Nunca existiram e nunca existirão:  

 uma decepção!    

 Mas continuo inocente, acho.   

  Ou burro, bobo, ou borracho.  

   Pois toda noite eu vejo todo dia    

 Tudo que é estranho, raro, ou anomalia:  

   Padres sibilas   

  Hidras estruturalistas   

   Ministros gorilas   

  Avis raras feministas  

   Políticos de duas cabeças  

   Unicórnios marxistas  

   Antropólogas travessas 

    Mactocerontes psicanalistas 

    Cisnes pretos arquitetos   

  Economistas sereias  

   Democratas por decreto  

   E beldades feias    

 Que invadem a minha caverna  

   E me matam de aflição    

 Saindo da lanterna  

   Da televisão.        


  ჱﻶﻉ Millôr Fernandes ჱﻶﻉ

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