quinta-feira, 6 de setembro de 2007

(Resíduo)


Carlos Drummond de Andrade


(...)

Pois de tudo fica um pouco.

Fica um pouco de teu queixono queixo de tua filha.

De teu áspero silêncio um pouco ficou, um pouco nos muros zangados, nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo no pires de porcelana, dragão partido, flor branca, ficou um pouco de ruga na vossa testa, retrato.

(...)

E de tudo fica um pouco.

Oh abre os vidros de loção e abafa o insuportável mau cheiro da memória.


Nenhum comentário: