Você é uma canção
Escrita pelas mãos de Deus
Não me entenda errado porque
Isto pode soar um pouco estranho
Mas você é o dono do lugar
Onde todos meus pensamentos vão se esconder
E bem debaixo de suas roupas
É onde eu os encontro
Debaixo de suas roupas
Há uma história infinita
Há o homem que eu escolhi
Há o meu território
E todas as coisas que eu mereço
Por ser uma boa menina
Por causa de você
Eu esqueci das formas inteligentes de mentir
Por causa de você
Eu fujo das razões para chorar
Quando os amigos se forem
Quando as festas terminarem
Nós ainda pertenceremos um ao outro
Debaixo de suas roupas
Eu o amo mais que tudo neste planeta
Viver, falar, andar, respirar...
Você sabe que é verdade
Oh querido é tão engraçado
Você quase não acredita
Como toda voz depende do silêncio
E luminárias dependem de um teto,
Como uma senhora amarrada a suas convenções
Eu estou amarrada a este sentimento
Debaixo de suas roupas
Há uma história infinita
Há o homem que eu escolhi
Há o meu território
E todas as coisas que eu mereço
Por ser uma boa menina
Debaixo de suas roupas
Há o homem que eu escolhi
Há o meu território
E todas as coisas que eu mereço
Por ser uma boa menina
Um comentário:
apenas para relembrar de um dia muito especial, em que vc se tornara minha adormecida e ,minha amada...
ADORMECIDA
Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão.... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
Pra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas!
"Virgem! — tu és a flor de minha vida!...
Castro Alves
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