A menina apossou-se do rosto dele, acanhada. Tratou de buscar as feridas que doiam tanto. Mas ele apenas apontou o peito, e fez com que ela apontasse exatamente o lugar da dor.
Ela lhe deu um abraço enorme, daqueles de ficar grudado.
Viu nos olhos dele lagrimas . E ela entendeu que deveria ficar em silencio.
A menina evocou os deuses para retirar do peito daquele homem os males.
Na sua inocência aparente não quis jogar mais brasa no buraco, apenas quis saber pra que rumo ia o fogo.
Mas as labaredas se espalharam tanto que lhe acertaram o rosto . As labaredas doíam, mas muito menos que as dores do poeta.
E ela descobriu, num momento ímpar, que ver a dor do outro pode doer muito, se o outro é um ser querido especial....
E sem silêncio algum saiu perguntando, indagando, repetindo e dizendo tudo o mais que lhe podia vir na cabeça, naquela hora.
Mas não maldisse ou praguejou sua dor, pediu pra estar perto. E foi esta, justamente, a flecha que abriu a caixinha, de pandora, que distraída, observava a cena a largos passos.
A menina espalhou para si todas as mazelas do mundo.
Ele negou e negou e negou muito a sua presença amiga. Negou três vezes os olhos frágeis da menina...
negou a simplicidade dos versos que ela lhe trazia...
negou o amor proeminente que guardavam,
negou-se homem e se disse anjo... desprovido de asas; pra que nem que lhe viesse de muita astúcia pudesse voar pra bem alto ou longe.
E foi neste momento que aconteceu a coisa mais inesperada do mundo: ela abriu a boca.
Abriu, em busca de guardar as dores do poeta pra si, certa de que conseguiria.
Mas poeta sente mais que humano.. e ela era uma simples menina...
O poeta sofreu, chorou e pediu um pedaço do colo por ele mesmo destituído.
A menina apenas riu... e ele não entendeu que o colo era seu por quanto tempo quisesse...
Então ela estendeu os braços, sem nada mais dizer ou suspirar.
E ele não entendeu, ainda....
A menina, então, lhe beijou levemente os lábio dele e disse:
" vamos tomar um sorvete?!?"
E eles saíram, de mãos dadas, pensando efusivamente no próximo passo...
(desconheço o autor)
Um comentário:
Como pode querida amiga?
Penso que a explicação
está na magia do amor,no encantamento de cada momento...
Uma aragem, uma brisa leve
de passagem pode ser tão doce
e tão cativante que guardaremos
para sempre.
E você com muito talento
imortalizou lindos sentimentos...
BJOS e Muitos ABRAÇOS
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