sexta-feira, 4 de maio de 2007

Fernando Pessoa....


Eu não tenho filosofia: tenho sentidos. Se falo de amor não é porque saiba o que ele é, mas porque amo, e amo por isso, porque quem ama nunca sabe o que ama, nem sabe porque ama, nem o que é amar.

Nunca a ALHEIA vontade, inda que grata, cumpras por própria.

Manda no que fazes, nem de ti mesmo servo.

Ninguém te dá quem és.

Nada te mude.

Teu íntimo destino involuntário cumpre alto.

Sê teu filho.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...

Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,

Porque eu sou do tamanho do que vejo....

E não do tamanho da minha altura...

E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.

Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

O mistério do mundo, o íntimo, horroroso, desolado,Verdadeiro mistério da existência,...

Consiste em haver esse mistério.

Quanto mais fundamente penso, mais profundamente me descompreendo.

O saber é a inconsciência de ignorar..

.O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.


Fernando Pessoa

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