quinta-feira, 8 de março de 2007


dia internacional da mulher


Poemas para todas as mulheres
Vinicius de Moraes

No teu branco seio eu choro. Minhas lágrimas descem pelo teu ventre

E se embebedam do perfume do teu sexo. Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado Confuso, criança para te conter!Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!

Homem sou beloMacho sou forte, poeta sou altíssimo

E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas. Ai! teus cabelos recendem à flor da murtaMelhor seria morrer ou ver-te mortaE nunca, nunca poder te tocar!Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braçosAnjo, sinto o calor do vento nas espumas

Passarinho, sinto o ninho nos teus pêlos...Correi, correi, ó lágrimas saudosas. Afogai-me, tirai-me deste tempoLevai-me para o campo das estrelas

Entregai-me depressa à lua cheia

Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o [cântico dos cânticos]

Que eu não posso mais, ai!Que esta mulher me devora!Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!

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